Olá a todos!
Descobri apenas hoje este blogue e é com agrado que nele participo.
Tal como todos os alunos do 12.º, fui ontem ver as notas dos exames nacionais. Visto que quero seguir Ciências da Comunicação, estou no curso de Línguas e Humanidades e, por conseguinte, realizei exame de História A e Português.
Para explicar o porquê do meu
post nesta altura, é necessário apresentar sucintamente o meu percurso académico durante o ensino secundário. No 10.º encontrei uma realidade completamente diferente daquela a que estava habituada. Desde a escola primária, sempre integrei turmas pequenas, de cerca de 17 a 20/21 alunos. Ora no 10.º ano, a minha turma tinha 29 alunos e era completamente indisciplinada.
Sendo uma das disciplinas principais História, seria de esperar que o professor fosse, no mínimo, competente, visto saber-se que apesar do exame nacional ser apenas referente à matéria leccionada no 12.º ano, História é muito mais do que factos: é saber analisar documentos, extrair informação implícita e tantos outros aspectos. Acontece que era uma professora que estava acostumada a dar aulas no ensino nocturno e além de não impor qualquer respeito/disciplina, sempre que se lhe fazia uma pergunta referente à matéria em questão, ficava nervosa e mal sabia responder.
Acabei esse ano com 10 (apesar de ter média de 12, a professora entendeu que não merecia ter mais, sendo o seu argumento "não dar pózinhos mágicos a ninguém", tendo deixado mais do que um aluno com nota inferior ao que, de facto, mereciam e de boca aberta, literalmente).
Sempre gostei de História. Foi uma das razões que me fez optar por este curso, sendo que ainda não tinha um curso superior escolhido. Todavia, esta atitude da entidade que supostamente está a preparar os alunos para a vida universitária, desmotivou-me.
Para minha grande alegria, no 11.º ano mudei de professora (a do 10.º regressou ao ensino nocturno) e a turma ficou apenas com 18 alunos. Tinha agora a minha professora do 9.º ano, com quem tinha boas relações e ainda tenho. Acabei com 17 tanto no 11.º como no 12.º (a professora manteve-se). Fui ao exame nacional com um CIF de 15 valores.
Estava bem preparada. Trabalhei imenso durante o ano e estudei afincadamente para o exame. Não o achei difícil, gosto imenso da Guerra Fria e a falência da Primeira República também é um assunto do meu agrado. No entanto, ao contrário do que o senso comum pensa, um exame 'não ser difícil', não quer necessariamente dizer que é fácil. Até porque, na minha humilde opinião, para a realização deste exame, era preciso saber interpretar os documentos muito bem. Era preciso escrever muito (escrevi 11 páginas).
Acabei o exame ao fim de 2h30 com um ligeiro sentimento de frustração. Não tive tempo suficiente para rever a prova e acabei a última pergunta (a de desenvolvimento) em cima do toque final.
Tal não é o meu espanto quando chego ontem à minha escola e vejo que tive 20! Dá para acreditar? Entrei em histeria absoluta. Sempre achei que ter 20 a História era daquelas coisas impossíveis, que nunca ninguém consegue por mais que estude muito. Ainda para mais num exame nacional. Fiquei muito, muito feliz. Subi de 15 para 17 (no CIF).
É de realçar, no entanto, que na minha escola, apesar de ter sido eu a nota mais alta, só houve três negativas. Tivemos uma média muito superior à nacional.
Relativamente à disciplina de Português, não consigo perceber as denúncias de facilitismo que tenho lido. Não consigo mesmo. Tive um óptimo professor (durante os 3 anos do secundário). Na minha escola há uma turma de Línguas e Humanidades, uma de Artes Visuais e três de Ciências e Tecnologias (de 12.º ano) e ao longo destes 3 anos, as turmas de AV e de CT sempre se vangloriaram por terem notas elevadíssimas na disciplina de Português, chegando mesmo a haver professores de outras disciplinas a questionar a capacidade dos alunos de Humanidades, que segundo eles "deveriam ser os melhores a Português".
Pois é meus amigos, nós, alunos de Humanidades, tivemos um professor exigente, mesmo muito. Houve notas baixissímas durante todo o ano, aliás, durante os três anos, havendo no entanto alturas em que o próprio professor declarou que os seus testes tinham um nível de dificuldade superior a alguns dos exames nacionais de anos anteriores. Ou seja, uma óptima preparação. Não tivemos notas espectaculares durante o ano (a nota mais alta deve ter sido um 17, ao longo de três anos) mas também não tivemos testes onde era preciso desenhar uma passarola, como aconteceu noutras turmas. Tenham paciência. Isso sim é facilitismo.
Mas isto para dizer que fomos com notas a exame muito inferiores às dos nossos colegas. Eu pessoalmente foi com média de 14. Digo-vos já que o exame não era fácil. Não era, repito. Mais uma vez, era preciso saber interpretar. Digo também que é falacioso dizer veemente que todos os alunos do 12.º já tinham analisado aquele excerto d'
Os Lusíadas. Na minha escola não foi só a minha turma a não o fazer. Estava convencida que iria sair a
Mensagem de Pessoa mas, curiosamente, o primeiro grupo foi o que me correu melhor. A dificuldade era razoável nesse grupo (uma nota importante: acho incrível ter lido no próprio
Público, alunos do 12.º ano a dizer que não sabiam o significado da palavra 'interpelar'). Quanto ao segundo grupo achei que a dificuldade subiu. E reafirmo mais uma vez que, ao longo de três anos, sempre fiz testes com modelo de exame. O terceiro grupo foi, claramente, a minha desgraça. Odiei o tema. Acho que tinha sido muito mais interessante fazer uma reflexão sobre o centenário da República. Mas isso já são opiniões pessoais. Não controlei muito bem o tempo e a minha composição ficou mesmo miserável (e posso dizer que costuma ser onde tenho a cotação máxima). Ora isto deu a nota final de 14 valores. Não é uma nota boa, tal como não é uma CIF boa. Julgo que aí estamos todos de acordo. Mas 14 foi uma nota boa no meio daquela pauta.
A nota mais alta da minha escola a Português foi 15,6. Curioso que tenham havido apenas 3 notas superiores a 15 e duas delas de alunos de Línguas e Humanidades. Nem vale pena falar das notas dos "fantásticos alunos de Ciências". Houve alunos a descer 3 valores, alunos esses que foram com 18 e 19 a exame. Facilitismo? Oh meus amigos... Tenham muita paciência. O exame não era só aplicar conhecimentos básicos. O exame era saber interpretar e saber controlar o tempo.
A média nacional de 10,1 mostra-nos duas coisas: a primeira, que os aspectos que referi não foram postos em prática e a segunda, que o problema é os alunos irem iludidos para o exame. Com notas que não são merecidas (atenção que não estou a dizer que não há excepções!). Depois há queixas, há reapreciações (e em relação às reapreciações, é da minha opinião que
há cada vez mais alunos que têm razão porque o Ministério não quer ter problemas e não porque os alunos têm sempre razão), há alunos não colocados nas universidades, há pais descontentes e por aí fora.
Em resumo: há muitos professores incompetentes neste país. Uma verdade que não vem à tona. Pergunto-me, como justificam estas notas os professores dos alunos que desceram mais de um valor no exame? Se calhar não justificam. É por isso que há pontos que concordo na tão polémica avaliação dos professores.
Guerra Junqueiro dizia-nos que é triste falir um banco, mas que mais triste ainda é falir a alma de um povo. Não estará a alma dos jovens, o futuro do país, a falir? Com professores assim, diria que já faltou mais.
Numa outra nota, vou explicar o porquê deste título. As boas notas fazem-nos felizes, muito mesmo. Eu que o diga, com o meu 20 a História, que é a minha prova de ingresso. Mas aprendam que boas notas nos exames nao são tudo. De que me valia ter um 20 no exame se, em termos práticos, não tivesse aprendido nada? NADA. E de que me vale ir reclamar sobre o nível de dificuldade de determinada prova? NADA. As minhas notas foram pura e exclusivamente responsabilidade minha. Sou consciente. Sei que agora será tudo mais difícil na universidade, mas julgam que lá os professores irão ouvir as nossas queixas? Não. Estamos lá para aprender. Para aprender com os sucessos e para aprender com os insucessos. Não é para ficarmos ofendidos nem deprimidos. Mais uma vez me repito, é para APRENDER. É a minha opinião, não pretendo com este texto ofender ninguém.
Um bem-haja a todos.
Inês Garcia