sexta-feira, 9 de julho de 2010

"Don't let success go to your head, or failure go to your heart"

Olá a todos!
Descobri apenas hoje este blogue e é com agrado que nele participo.
Tal como todos os alunos do 12.º, fui ontem ver as notas dos exames nacionais. Visto que quero seguir Ciências da Comunicação, estou no curso de Línguas e Humanidades e, por conseguinte, realizei exame de História A e Português.
Para explicar o porquê do meu post nesta altura, é necessário apresentar sucintamente o meu percurso académico durante o ensino secundário. No 10.º encontrei uma realidade completamente diferente daquela a que estava habituada. Desde a escola primária, sempre integrei turmas pequenas, de cerca de 17 a 20/21 alunos. Ora no 10.º ano, a minha turma tinha 29 alunos e era completamente indisciplinada.
Sendo uma das disciplinas principais História, seria de esperar que o professor fosse, no mínimo, competente, visto saber-se que apesar do exame nacional ser apenas referente à matéria leccionada no 12.º ano, História é muito mais do que factos: é saber analisar documentos, extrair informação implícita e tantos outros aspectos. Acontece que era uma professora que estava acostumada a dar aulas no ensino nocturno e além de não impor qualquer respeito/disciplina, sempre que se lhe fazia uma pergunta referente à matéria em questão, ficava nervosa e mal sabia responder.
Acabei esse ano com 10 (apesar de ter média de 12, a professora entendeu que não merecia ter mais, sendo o seu argumento "não dar pózinhos mágicos a ninguém", tendo deixado mais do que um aluno com nota inferior ao que, de facto, mereciam e de boca aberta, literalmente).
Sempre gostei de História. Foi uma das razões que me fez optar por este curso, sendo que ainda não tinha um curso superior escolhido. Todavia, esta atitude da entidade que supostamente está a preparar os alunos para a vida universitária, desmotivou-me.
Para minha grande alegria, no 11.º ano mudei de professora (a do 10.º regressou ao ensino nocturno) e a turma ficou apenas com 18 alunos. Tinha agora a minha professora do 9.º ano, com quem tinha boas relações e ainda tenho. Acabei com 17 tanto no 11.º como no 12.º (a professora manteve-se). Fui ao exame nacional com um CIF de 15 valores.
Estava bem preparada. Trabalhei imenso durante o ano e estudei afincadamente para o exame. Não o achei difícil, gosto imenso da Guerra Fria e a falência da Primeira República também é um assunto do meu agrado. No entanto, ao contrário do que o senso comum pensa, um exame 'não ser difícil', não quer necessariamente dizer que é fácil. Até porque, na minha humilde opinião, para a realização deste exame, era preciso saber interpretar os documentos muito bem. Era preciso escrever muito (escrevi 11 páginas).
Acabei o exame ao fim de 2h30 com um ligeiro sentimento de frustração. Não tive tempo suficiente para rever a prova e acabei a última pergunta (a de desenvolvimento) em cima do toque final.
Tal não é o meu espanto quando chego ontem à minha escola e vejo que tive 20! Dá para acreditar? Entrei em histeria absoluta. Sempre achei que ter 20 a História era daquelas coisas impossíveis, que nunca ninguém consegue por mais que estude muito. Ainda para mais num exame nacional. Fiquei muito, muito feliz. Subi de 15 para 17 (no CIF).
É de realçar, no entanto, que na minha escola, apesar de ter sido eu a nota mais alta, só houve três negativas. Tivemos uma média muito superior à nacional.
Relativamente à disciplina de Português, não consigo perceber as denúncias de facilitismo que tenho lido. Não consigo mesmo. Tive um óptimo professor (durante os 3 anos do secundário). Na minha escola há uma turma de Línguas e Humanidades, uma de Artes Visuais e três de Ciências e Tecnologias (de 12.º ano) e ao longo destes 3 anos, as turmas de AV e de CT sempre se vangloriaram por terem notas elevadíssimas na disciplina de Português, chegando mesmo a haver professores de outras disciplinas a questionar a capacidade dos alunos de Humanidades, que segundo eles "deveriam ser os melhores a Português".
Pois é meus amigos, nós, alunos de Humanidades, tivemos um professor exigente, mesmo muito. Houve notas baixissímas durante todo o ano, aliás, durante os três anos, havendo no entanto alturas em que o próprio professor declarou que os seus testes tinham um nível de dificuldade superior a alguns dos exames nacionais de anos anteriores. Ou seja, uma óptima preparação. Não tivemos notas espectaculares durante o ano (a nota mais alta deve ter sido um 17, ao longo de três anos) mas também não tivemos testes onde era preciso desenhar uma passarola, como aconteceu noutras turmas. Tenham paciência. Isso sim é facilitismo.
Mas isto para dizer que fomos com notas a exame muito inferiores às dos nossos colegas. Eu pessoalmente foi com média de 14. Digo-vos já que o exame não era fácil. Não era, repito. Mais uma vez, era preciso saber interpretar. Digo também que é falacioso dizer veemente que todos os alunos do 12.º já tinham analisado aquele excerto d'Os Lusíadas. Na minha escola não foi só a minha turma a não o fazer. Estava convencida que iria sair a Mensagem de Pessoa mas, curiosamente, o primeiro grupo foi o que me correu melhor. A dificuldade era razoável nesse grupo (uma nota importante: acho incrível ter lido no próprio Público, alunos do 12.º ano a dizer que não sabiam o significado da palavra 'interpelar'). Quanto ao segundo grupo achei que a dificuldade subiu. E reafirmo mais uma vez que, ao longo de três anos, sempre fiz testes com modelo de exame. O terceiro grupo foi, claramente, a minha desgraça. Odiei o tema. Acho que tinha sido muito mais interessante fazer uma reflexão sobre o centenário da República. Mas isso já são opiniões pessoais. Não controlei muito bem o tempo e a minha composição ficou mesmo miserável (e posso dizer que costuma ser onde tenho a cotação máxima). Ora isto deu a nota final de 14 valores. Não é uma nota boa, tal como não é uma CIF boa. Julgo que aí estamos todos de acordo. Mas 14 foi uma nota boa no meio daquela pauta.
A nota mais alta da minha escola a Português foi 15,6. Curioso que tenham havido apenas 3 notas superiores a 15 e duas delas de alunos de Línguas e Humanidades. Nem vale pena falar das notas dos "fantásticos alunos de Ciências". Houve alunos a descer 3 valores, alunos esses que foram com 18 e 19 a exame. Facilitismo? Oh meus amigos... Tenham muita paciência. O exame não era só aplicar conhecimentos básicos. O exame era saber interpretar e saber controlar o tempo.
A média nacional de 10,1 mostra-nos duas coisas: a primeira, que os aspectos que referi não foram postos em prática e a segunda, que o problema é os alunos irem iludidos para o exame. Com notas que não são merecidas (atenção que não estou a dizer que não há excepções!). Depois há queixas, há reapreciações (e em relação às reapreciações, é da minha opinião que há cada vez mais alunos que têm razão porque o Ministério não quer ter problemas e não porque os alunos têm sempre razão), há alunos não colocados nas universidades, há pais descontentes e por aí fora.
Em resumo: há muitos professores incompetentes neste país. Uma verdade que não vem à tona. Pergunto-me, como justificam estas notas os professores dos alunos que desceram mais de um valor no exame? Se calhar não justificam. É por isso que há pontos que concordo na tão polémica avaliação dos professores.
Guerra Junqueiro dizia-nos que é triste falir um banco, mas que mais triste ainda é falir a alma de um povo. Não estará a alma dos jovens, o futuro do país, a falir? Com professores assim, diria que já faltou mais.
Numa outra nota, vou explicar o porquê deste título. As boas notas fazem-nos felizes, muito mesmo. Eu que o diga, com o meu 20 a História, que é a minha prova de ingresso. Mas aprendam que boas notas nos exames nao são tudo. De que me valia ter um 20 no exame se, em termos práticos, não tivesse aprendido nada? NADA. E de que me vale ir reclamar sobre o nível de dificuldade de determinada prova? NADA. As minhas notas foram pura e exclusivamente responsabilidade minha. Sou consciente. Sei que agora será tudo mais difícil na universidade, mas julgam que lá os professores irão ouvir as nossas queixas? Não. Estamos lá para aprender. Para aprender com os sucessos e para aprender com os insucessos. Não é para ficarmos ofendidos nem deprimidos. Mais uma vez me repito, é para APRENDER. É a minha opinião, não pretendo com este texto ofender ninguém.
Um bem-haja a todos.
Inês Garcia

5 comentários:

  1. Olá Inês. Parabéns que análise aprofundada... e pelo 20. :)
    Concordo com a generalidade do que dizes. Discordo, porque discordo por princípio, com todas a generalizações. E fizeste uma. Falaste dos "professores incompetentes" como se fosse esse o seu perfil geral, ora eu sou professora de Português, leccionei 12º ano (um aluno meu até anda por aqui). Poucas discrepâncias tenho, e não se trata apenas dos meus alunos, foi bastante comum na minha escola (e falo de Português). Como justificar as discrepâncias? Facilmente, e por três razões, umas bem mais perniciosas que outras: 1. facilitismo do professor, que dá boas notas para compensar "acidentes" nos exames e que o faz para ajudar os alunos - discordo, mas acontece, não nego - deve ser combatido? a meu ver, sim, com vista à credibilização de todo o sistema de ensino, há muito que o defendo; contudo, esse é um fenómeno que não é só de agora, sempre existiu, como compreenderás; 2. o exame correu mal a um aluno - pode parecer muito básico, mas é tão simples quanto isso, e por ser simples e compreensível, nem merece discussão; 3. os critérios de avalição do exame estão longe de poder ser comparados com a avaliação interna de um aluno - como aluna o saberás, a menos que na tua escola algo ande a falhar: no exame, a classificação de UMA prova escrita vale 100%; na avaliação final de um aluno, no fim do 12º ano, tens a médias de três anos; nessa média, não entram apenas os testes escritos - tens 10% para o SER, 25% para a oralidade (30% no caso das línguas e na componente prática das disciplinas científicas) - ou seja, estás a comparar um valor que, nos exames, corresponde a 100%, com os (ponhamos o exemplo de Português) 65% que valem as provas escritas na avaliação interna. E aí encontras, logo na origem, uma discrepância enorme, verdade?

    Mais uma vez, agradeço a tua reflexão. Importante seria que todos fizessem uma reflexão séria sobre aquilo que se pretende para a ensino público no nosso pais.
    E uma reflexão séria implica, também, conhecer profundamente do que se fala: nenhum professor é contra a sua própria avaliação. Mas terá de ser feita com critérios justos. Enquanto aluna, Inês, aceitarias que te avaliassem com base num modelo absurdo, com critérios que desvalorizassem aquilo que é realmente importante? Tenho a certeza que não.

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  2. Professora Fátima, agradeço o seu ponto de vista e desde já peço desculpa, acho que não me expressei bem em relação à dita incompetência dos professores. Não queria, de modo algum, generalizar. Até porque também não gosto de generalizações, acho-as falaciosas a diversos níveis. Dei por isso o exemplo do meu professor. O que eu quis transmitir foi que, nos dias de hoje, o facilitismo ainda existe, aliás, atrevo-me a dizer que está em crescimento. E é com isso que não concordo. Porque, e dei o exemplo da minha escola (digamos que a considerei a amostra deste meu pequeno estudo), houve muitas críticas em relação a este exame de 2010. Não sei se me estou a expressar correctamente... Mas digo-lhe já que concordo, sem qualquer dúvida, com tudo o que disse. É necessária uma outra avaliação para os professores. Mas acima de tudo, são necessários critérios de avaliação que tenham como principal objectivo a manutenção de um sistema de ensino justo, igualitário, bom e que incentivem e motivem os professores a continuar o bom trabalho. Porque julgo que um professor tenha uma satisfação pessoal quando vê o trabalho de um ou mais anos dar frutos, principalmente num exame nacional, que para muitos tem muito peso como prova de ingresso. Uma avaliação que não seja absurda (não concordo de forma alguma com as políticas do ministério da educação dos últimos anos!).
    Foi um desabafo... espero que agora me tenha explicado... Tenho muita pena que não haja uma definição universal e correcta de um 'professor bom' e um 'professor mau'. Seria interessante analisar...

    Inês G.

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  3. Aliás, acho que ainda pior que tudo, é a mentalidade de muitos jovens...
    Em síntese: o necessário é trabalhar muito e não arranjar "desculpas", à falta de melhor termo. Nem incompetência de professores, nem provas mal corrigidas. Somos responsáveis por nós e pelo nosso trabalho.
    Inês

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  4. Olá Inês :)
    Apercebi-me do teu tom de desabafo e atrevi-me a pensar que alguém que mostra a tua inteligência e sentido crítico não estaria a falar de má-fé. Vejo que a minha intuição foi acertada.
    Nem imaginas o quanto as questões que levantas me dão voltas e voltas na cabeça. E não sou a única. Somos tantos aqueles que andamos preocupados com o que é verdadeiramente essencial, no meio destas questões todas - a formação dos homens e mulheres do amanhã, a qualidade do ensino para todos. Contudo, olha-se em redor, olha-se "para cima", e vê-se que são outros os valores que "se alevantam"... e há tantos que, no nosso país, preferem embarcar na crítica fácil, naquilo que é veiculado por "quem pode" e não dá ouvidos a "quem sabe"...
    Não percas essa tua capacidade de manter a mente aberta, Inês. És uma garantia de um futuro mais promissor ;-)

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  5. Boa tarde,
    Ando no 12º e tenho uma media geral de 15/16, quando acho que merecia ter pelo menos uma média de 17. Tudo porque não gosto de participar muito nas aulas, pois tenho colegas de turma indisciplinados e quando alguém fala eles começam logo a gozar, por isso não participo e não sei porque deveria ser penalizada, pois saio-me bastante bem nos testes, comportamento, pontualidade, etc... mas quando chega á auto-avaliação é sempre a mesma conversa: "-A menina tem que ser mais participativa...", acho uma ignorância total avaliarem as pessoas pela vontade de falar, existem pessoas que simplesmente não gostam de chamar a atenção, e estão a ser penalizadas. Acho que se deveria rever melhor os critérios de avaliação, pois com estes critérios os bons são penalizados e os maus saem imunes. Estou farta de toda a gente ver o que está a acontecer e ninguém resolver fazer nada quanto a isso. Dizem que a culpa não é dos professores, que eles fazem o que podem, mas, eu penso que alguns não deveriam ser professores, são muito "leves" ou até mesmo "cegos". No 11º tivemos de dividir-nos por grupos de 2 na aula de TIC, porque a escola não tinha dinheiro para mais computadores (até aí tudo bem), o problema foi que eu chegava á aula, o meu colega já estava a trabalhar no computador e "esquecia-se" que era meia aula para cada 1 e eu não fazia nada durante 90 minutos, isto aconteceu várias vezes (é claro, o professor nem nota-va, e somos uma turma de 16), lá acordava eu ás 6 para ir para a aula de Tic ás 8 e não fazia nada muitas das vezes. Isto continuou a acontecer até ao final do ano, e, lá tinha o meu colega 3 projectos e eu 3 projectos também (nem sei como, ele teve mais aulas e tempo que eu e tinha o mesmo numero de projectos), chegá-mos á auto-avaliação e eu disse que tinha feito 3 exercícios, quando não é o meu espanto quando o meu colega diz que houvera feito 4 exercícios (a apontar para 1 dos meus projectos), a professora vira-se para mim e diz :"-Tens que me dizer que fizestes este projecto com o teu colega, senão eu penso que fostes só tu.."... eu fico boquiaberta, parecia que me tinham dado um valente murro mesmo na cara, só me apetecia chorar, calei-me , porque não queria esclarecer nem falar com o meu colega (já devem ter reparado que sou tímida, quanto menos falar melhor)... ele teve 17 e eu 15... e assim tem sido desde sempre, para cada lado que olhe só vejo injustiças... começo a pensar para que é que á prosseguimento de estudos se vai continuar a ser sempre assim, outro a ficar com os louros. As escolas vão de mal a pior.

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