quinta-feira, 8 de julho de 2010

That's The Way It Is

Olá a todos!
Como todos nós sabemos, hoje foi o dia da afixação dos resultados dos Exames Nacionais realizados na 1ª Fase. No meu caso, realizei o exame de História A e o de Português. A História sem dúvida que fiquei satisfeito, tive 18. Já a Português não posso dizer a mesma coisa: tive 15 valores, quando tinha ido a exame com 17. Resultado: baixei a minha nota final para 16 valores.
Mas, para mim, o que se passou com este exame foi um tudo-nada estranho, senão vejamos: todos os alunos excelentes a Português na minha turma tiveram notas desastrosas. Uma amiga minha, que escreve e pontua espectacularmente bem, além de que está a par de toda a matéria, foi com 18 a exame, tendo no mesmo nada mais nada menos do que 11 valores! Outra amiga minha, com as mesmas características da anteriormente referida (inclusivé a nota com que foi a exame) teve 13 valores. Por oposição, todos aqueles alunos considerados "fracos" viram a sua nota subida para um valor bastante confortável.
O que é incrível é que esta situação se passou exactamente assim nas outras turmas da minha escola. Juntando a este facto, hoje fiquei a saber que a média nacional do exame de Português foi de 10,1 valores. Então como é que explica esta situação?
A meu ver, esta prova, como tantas outras serviu para "nivelar" resultados, ou seja, não só contava o facto de a pessoa escrever bem, mas também tinha somente de aplicar conhecimentos básicos. Digo básicos porque as estrofes d'Os Lusíadas que sairam no exame tinham sido, na maioria das escolas, analisadas em aula, constituindo, desta forma, uma maior facilidade aos examinados. Assim, bastava a um aluno conhecimentos básicos da obra, aliado a uma escrita simples que fizesse sentido, para ter uma boa nota. E foi assim que aconteceu. Resultado: os "melhores" desceram (para o ministério deve ser assim: "Quero lá saber se eles escrevem bem, quero mas é ver se eles põem lá o que nós dissemos!"), e os "piores" subiram.
Depois admiram-se que os alunos entrem na faculdade mal preparados, depois admiram-se que a Língua Portuguesa esteja cada vez pior... Além do mais, e infelizmente, os critérios de correcção dos exames são cada vez mais restritos. Quere-se tornar disciplinas abrangentes cada vez mais exactas. Quem olha para estes critérios até parece que os mesmos são de uma prova de Matemática ou Química. Aplicando agora uma estrutura lógica, até se pode resumir assim:

Se puseres o que vem escrito nos Critérios, independentemente de escreveres ou não bem,
terás a positiva assegurada.
Puseste o que veio escrito nos Critérios, independentemente de escreveres ou não bem.
Logo, tens a positiva assegurada.
E para o Ministério é tão simples quanto isto. Desejoso estou eu de ver a Ministra e o seu Secretário de Estado, qual burro de carga, a vir comentar as notas dos exames com um sorriso na cara e dizer que são "satisfatórias" e que vêm "na continuidade do programa educativo implementado pelo Governo".
Mas não nos esqueçamos, helás!, de outro pormenor: os professores correctores. Como é que no ano passado 62% dos alunos que pediram revisão de prova tiveram razão no seu requerimento? Mas afinal os professores não sabem corigir exames? Uma amiga minha, no ano passado, depois de saber a sua nota no exame de História B (11) pediu uma revisão de prova. Subiu, nada mais nada menos, para 16 valores! Sim, é verdade, subiu 5 valores!
Depois os professores querem que lhes seja reconhecida credibilidade. Como? Ao corrigirem exames nacionais/provas de ingresso desta forma? Como é que um aluno se poderá sentir quando percebe que, afinal, teve uma nota muito boa quando lhe tinha sido apresentada uma nota péssima? De facto, esta equipa de professores correctores (não digo todos, como é óbvio) mais parece uma equipa de arbitragem: erram, mas estão-se nas tintas para isso. O que realmente interessa é o dinheiro que recebem no fim do mês.
Enfim, como dizia o Walter Cronkite, that's the way it is. Infelizmente, temos de nos "contentar" com este marasmo que se vive actualmente no nosso sistema educativo. E digo-vos, a minha "análise" às notas do exame de Português não é uma tentativa desesperada para explicar a minha nota, bem pelo contrário, é o que eu realmente sinto e penso. Agora que estou em vias de me "separar" do Ministério da Educação (que pena!) e a entrar noutro, espero que o nível de exigência seja maior, nível esse que tem de ser obrigatoriamente acompanhado por um maior profissionalismo por parte dos docentes. Espero que todos tenham tido excelentes notas e que consigam entrar em todas as faculdades que queiram!
Afonso Brás

1 comentário:

  1. Sei que respondo já tarde, em relação ao momento do seu texto. Só para lhe dizer, se ler isto, que não devemos deixar-nos iludir pelos exemplos próximos que ocnhecemos. Uma ou 10 pessoas não são o universo das pessoas. E se se espanta tanto com a subida, numa reapreciação de História B, com uma subida de 11 para 16, deve manter os pés no chão, e perceber que situações como essa são excepção e não a regra, por muito que pareça o contrário. Só falo do que conheço, por isso só me refiro à História.
    Falo por experiência profissional de muitos anos.
    Boa sorte para os seus esudos universitários.

    ResponderEliminar